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Novas diretrizes da ISCAID: chaves para o uso responsável de antimicrobianos na pioderma canina

A Sociedade Internacional de Doenças Infeciosas em Animais de Companhia (ISCAID) publicou as suas guidelines 2025 sobre o tratamento da pioderma em cães, com ênfase na responsabilidade no uso de antimicrobianos.
Novas diretrizes da ISCAID: chaves para o uso responsável de antimicrobianos na pioderma canina

A pioderma em cães, um dos principais motivos para a prescrição de antibióticos na medicina veterinária, tem agora um novo enquadramento clínico para uma abordagem responsável.

A Sociedade Internacional de Doenças Infeciosas em Animais de Companhia (ISCAID) publicou as suas diretrizes de 2025 sobre o tratamento da pioderma em cães, com um enfâse firme no uso responsável de antimicrobianos.

Esta será uma referência para os médicos veterinários. Abaixo, resumimos as principais novidades.

Principais novidades e recomendações

1. A citología é obrigatória

Após um exame completo da pele e antes de administrar qualquer antimicrobiano, é necessário realizar a citologia. Devemos confirmar a infeção bacteriana, o que nos permite orientar o tratamento. Além disso, a ISCAID recomenda sempre investigar e tratar a causa subjacente da pioderma.

Em relação ao cultivo e ao antibiograma, quando devem ser realizados? A recomendação é sempre quando nos deparamos com um pioderma profundo e com um pioderma superficial recorrente.

2. A terapia tópica: a nossa aliada chave

A terapia com antissépticos como a clorexidina é o tratamento de escolha para as formas superficiais e de superfície. Esta abordagem permite evitar o uso desnecessário de antibióticos sistémicos.

Quanto ao uso de antibióticos tópicos, só é recomendado se a citologia assim o indicar.

3. Antibióticos sistémicos: quando e como

Os antibióticos sistémicos devem ser reservados para casos de pioderma profunda e para piodermas superficiais que não respondem ao tratamento tópico. É sempre melhor evitar antibióticos de largo espectro sem antibiograma prévio.

4. Tempos de tratamento

A ISCAID recomenda que os tratamentos sistémicos iniciais tenham uma duração de 2 semanas em pioderma superficial e 3 semanas em pioderma profunda. Ao terminar o tratamento inicial, é essencial realizar uma reavaliação clínica para avaliar o sucesso completo do tratamento. Esta prática ajuda a evitar que se ignorem possíveis resistências.

5.  Antibióticos de primeira linha?

Neste ponto, temos boas notícias: parece que os antibióticos de primeira linha, como a cefalexina, a amoxicilina- ácido clavulânico e a clindamicina, continuam a mostrar boa eficácia contra o Staphylococcus pseudintermedius sensível à meticilina. Estas substâncias ativas são a nossa primeira opção se for necessário administrar um antibiótico. Atenção! É sempre recomendável realizar um antibiograma prévio, e o tratamento empírico só se justifica quando o paciente apresenta pioderma pela primeira vez e o quadro é leve/moderado.

Se forem utilizados outros antimicrobianos, deve-se sempre fazer um antibiograma prévio.

6. Plano B: cultura e antibiograma

Em caso de resistência ou falha terapêutica, a cultura e o antibiograma são essenciais para uma escolha racional do antibiótico.

Se possível, devemos dar prioridade aos antibióticos de primeira e segunda linha e evitar fluoroquinolonas e linezolida, rifampicina, vancomicina, daptomicina, tigeciclina, carbapenêmicos, que são reservados para infeções graves por multirresistentes.

7. Tratamento de cães com doença cutânea tópica

Recomenda-se instaurar terapia tópica preventiva com antissépticos em cães com doenças cutâneas crónicas ou predisposição a recaídas, como os que apresentam dermatite atópica ou intertrigo. Com esta prática, o objetivo é evitar infeções secundárias em pacientes predispostos.

Implicações clínicas

Estas novas diretrizes destacam uma mudança de paradigma: menos dependência de antibióticos sistémicos, maior precisão no diagnóstico e tratamento individualizado. Além disso, reforçam o papel do médico veterinário como figura fundamental na luta global contra a resistência antimicrobiana.

Para aceder ao documento completo, visite: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/vde.13342